Quanto mais tempo dedico à
leitura, mais confuso se torna o tempo. Vejo quão frágeis são os meus valores,
e que eles não me valeram de nada.
As certezas que pareciam
irrefutáveis são os ídolos com os pés de barro que um a um são martelados e
despedaçados a cada nova sinapse que construo.
A angústia é sufocante e torna a
mera ação de respirar dificultosa, não sei mais se é possível voltar. A
ignorância é ópio. Perto da loucura é que a sanidade me permite entrever um
ponto certo. A lucidez causa dor e estranhamento até para com os meus. Que
atitude tomar diante de nossa pequenez pensante e hipócrita? Dói o peito e passo
a compreender o motivo de tantos terem fugido, não da vida, mas de si mesmos.
Como suportar tantas revelações? Diante do véu que se finda, encontro ou
reencontro a essência de mim mesma, como objeto perdido que se recupera.
