domingo, 13 de fevereiro de 2011

IV- Respostas

Gotas muito frias lhe caiam no rosto e escorriam-lhe até a boca, tinha gosto de ferrugem e a sensação de acordar de um transe o dominou. Abrindo os olhos não sabia se estavam realmente abertos, não conseguia enxergar nada, insistia em tentar ver alguma coisa, passando as mãos no chão ao seu lado, sentiu um piso frio, bem diferente daquele em que ele estava algum tempo atrás, quanto tempo? Não sabia por quanto tempo havia ficado desacordado, podiam ter passado alguns minutos, algumas horas, ou muito mais tempo. Levantou-se e sentiu a cabeça doer, a pancada havia sido bem forte, mas não entendia o porque de ainda estar vivo, a tal criatura podia tê-lo matado, mas não o fez, e por que não?
Pegou em um dos bolsos o isqueiro antigo, havia um pouco de fluido e conseguiu acendê-lo, iluminando o que parecia uma cela, um teto alto e paredes de pedra com apenas uma passagem vinda de uma porta de madeira em péssimas condições.Era provável conseguir abri-la, porém sua cabeça ainda doía muito e não sabia o que fazer. Deitou-se exausto, desistindo momentaneamente de fazer algo por si. Fechou os olhos e não conseguia acreditar no que estava vivendo.
Uma luz pode ser vista vinda do lado de fora da porta, a sombra formada por baixo indicava a presença de alguém, arrastou-se para perto da entrada e aguardou a oportunidade de atacar quem quer que entrasse. Um estalido da fechadura acelerou seus pensamentos, armando-se apenas de vontade, pois sua arma havia sumido, aguardava pelo momento certo de reverter aquela situação. O rangido da maçaneta era o ultimo sinal, seria agora.
Uma sombra formo-se no umbral da porta e a mesma sombra insinuo-se para dentro da cela devagar, mas ele já aguardava por esse momento, e saltando para cima do invasor jogou-o contra a parede oposta, imobilizando-o sem qualquer chance de movimento. Mas um grito o assustou, não era o que ele pensava ser, o invasor não era uma ameaça, na verdade era a causa de sua busca até aquela casa. Era Liz.
Assustada, ela chorava copiosamente sentindo a dor da pancada em suas costelas. E afastando-se na penumbra que cobria agora cela ele se assegurou que era Liz.
Pedindo desculpas ele a abraçou, e Liz ainda assustada apenas conseguia chorar e abraça-lo de volta.
Saindo da cela ele pode verificar que ela estava ferida, seu rosto estava com diversos cortes, suas roupas estavam rasgadas e havia muito mais sangue nela do que ferimentos reais. Ele lhe perguntou o que era tudo aquilo e como ela o havia encontrado. Mas Liz estava confusa e disse que havia sido torturada e que fugiu havia pouco tempo, mas antes de fugir viu quando ele foi levado até aquela alcova pois ela estava bem perto dali. Ele não entendia e perguntou a Liz quem os havia atacado. Os olhos da garota pareciam chocados, lágrimas começaram a se formar e balbuciando algumas palavras ela respondeu que não sabia dizer bem o que era aquilo, lembrava dos olhos vermelhos, e sempre estava tão escuro, mas tinha uma força descomunal, não entendia o por que de não a ter matado, apenas torturava-a, e a aterrorizava com seus grunhidos infernais, medo era a palavra que ela mais falava. Liz parecia aterrorizada, e mesmo imaginando a identidade daquela criatura ele não falaria para ela, não agora.
Mas ele ainda não entendia o por que de estarem vivos, e decidiu pensar nisso depois, era hora de voltar para a casa e tentar sair daquele lugar estranho que se encontravam. Amparando Liz em um dos braços saiu da cela e percebeu que estava em um outro corredor, e agora onde era a saída? A garota lhe indicou uma direção e seguiram por ela, a escuridão não era mais tão densa e podiam enxergar um pouco melhor os próprios pés. Diversas portas podiam ser vistas por onde passavam, e não entendia ainda como tudo aquilo era encoberto por aquela casa simples por onde entrou.
Liz apontou uma entrada, dizendo que se lembrava ter passado por ali antes, e seguiram por ela sem ter certeza absoluta de nada. Ele parou, alguma coisa estava errada.

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