domingo, 6 de março de 2011

2- Aparição

As mãos tremulas de Susan seguravam a arma enquanto descia as escadas com cuidado. O invasor poderia estar em qualquer lugar, e era preciso estar atenta a qualquer movimento suspeito. A penumbra cobria todos os ambientes, e era melhor permanecer dessa forma, pois ela não queria ser descoberta, precisava surpreender o estranho que a estava assustando.
Ao final da escada ela parou e tentou escutar mais alguma coisa, mas nada mais havia feito ruído, porém Susan sabia que o que ouvira a pouco tempo havia vindo da cozinha. Caminhou até a porta da cozinha e a empurrou com uma das mãos enquanto empunhava a arma com a outra. Se alguém estivesse ali, seria difícil conseguir acertar, suas mãos tremiam tanto que não conseguiria acertar seu invasor mesmo que ele estivesse um metro na sua frente. A cozinha parecia a mesma, alguns pratos ainda estavam sobre a pia, algumas panelas sobre o balcão, nada fora do comum. Procurou perto da pia algum sinal de um copo quebrado ou prato, olhou a sua volta e perto da mesa, mas não havia vestígio de nenhum objeto quebrado. Susan ficou confusa, tinha certeza de ter escutado algo quebrar, ela estava bem acordada, não havia sonhado. A sensação de estar sendo observada a invadiu novamente, o medo a encontrou e entrou em pânico. Correu para um dos cantos da cozinha, e apoiou suas costas em uma das paredes, segurando a arma com as duas mãos apontou para sua frente, esperando pelo inesperado.
O que está acontecendo comigo? Susan começou a chorar, não aguentava mais viver com medo, queria que Mike estivesse ali para protegê-la, queria sua vida de volta, queria sentir-se segura.
Respirou fundo, abaixou a arma e tentou colocar os pensamentos em ordem. Eu devia estar sonhando, acho que me confundi, não há ninguém aqui. Ela tentava convencer-se de que tudo estava bem, e suspirando profundamente riu de si mesma, já era hora de voltar para a cama.
Afinal de contas, de onde ela havia tirado a ideia de andar armada dentro de casa? Que coisa mais estúpida de se fazer, como poderia ter ficado tão desesperada? Parecia que seus pensamentos a estavam trazendo de volta para a realidade. Começou a subir os degraus indo para seu quarto, quando escutou um ruído. Parou. E estática esperou por um momento. Virou-se e começou a descer os degraus, foi quando escutou novamente um ruído, parecia vidro, uma vibração, não conseguia identificar ao certo o que escutara. E não vinha da cozinha, o ruído vinha da sala de estar. As mãos voltaram a tremer, a arma parecia ficar mais pesada a cada novo susto, era preciso saber o que estava acontecendo. Susan já não sabia mais o que pensar, tudo parecia um sonho estranho, e ela queria mesmo que tudo não passasse de um sonho. Não queria usar a arma, não queria se sentir observada e muito menos que houvesse um estranho em sua casa.
A sala estava tão escura quanto a cozinha, e tudo estava no lugar, os olhos assustados procuravam por algum sinal de invasão, ou que a fonte do ruído fosse descoberta, mas tudo o que ouvia-se era o som das mãos tremulas empunhando a arma sem saber a direção certa que deveriam apontar. O ruído se repetiu e Susan virou-se bruscamente na direção da cristaleira, agora era possível saber que som era aquele, o som de uma das taças de cristal. Parecia que alguém estava fazendo aquele ruído, era o som de dedos passando na superfície da taça, mas não havia ninguém ali. Um arrepio percorreu o corpo de Susan, pavor foi o que sentiu, virou-se em direção a entrada da sala ainda segurando a arma, foi quando seus olhos não acreditaram no que viram.
Alguém subiu as escadas. Foi tudo muito rápido, mas Susan viu uma silhueta que subia os degraus rapidamente, um vulto, não era possível distinguir quem ou o que era, mas ela sabia que alguma coisa havia se movido em sua frente e que agora estava no andar superior da casa. Ela lembrou-se, Josh!
Susan correu em direção a escada e escutou o que mais temia.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Um grito agonizante a encontrou, grito de desespero. Vindo do quarto de Josh.

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